Root: perseguido pelas grandes empresas (Fonte da imagem: Reprodução/AndroidProject)
Seja você dono de um aparelho
Android ou simplesmente um aficionado em tecnologia, com certeza você já
deve ter ouvido falar no root. Essa “ação”, vamos dizer assim, libera
algumas travas do sistema operacional, permitindo que você utilize
programas diferenciados e até mesmo troque a versão do Android que está
rodando no seu gadget.
Trocando em miúdos, ao fazer o root no aparelho você obtém o chamado
acesso privilegiado, podendo inclusive interferir no funcionamento do
hardware do seu Android. Forçar o uso da GPU em determinadas situações
ou realizar um overclock no processador, por exemplo, são ações comuns
nesse meio.
Entretanto, toda essa liberdade parece não agradar muito às
fabricantes e distribuidoras de tablets e smartphones. Não é de hoje que
ferramentas tentando bloquear esse tipo de ação aparecem nos gadgets,
como os “bootloaders” cada vez mais “bloqueados” nos gadgets novos.
As
ferramentas de controle aparecem com cada vez mais “ferocidade” e, ao
que parece, as empresas querem deixar bem claro o fato de que não gostam
nem um pouco quando você resolve rootear o seu portátil.
Riscos e vantagens
Todo e qualquer artigo tratando do root nos aparelhos Android acaba
abordando sempre os prós e contras que podem surgir quando você realiza
essa ação. Nós inclusive
já elaboramos um artigo tratando desse assunto.
Ampliar Acesso privilegiado (Fonte da imagem: Reprodução/Google Play)
Há as vantagens de você poder utilizar aplicativos diferenciados e
brincar com algumas funções totalmente bloqueadas do sistema
operacional. A instalação de ROMs alternativas, como o famosíssimo
CyanogenMod, por exemplo, também é algo extremamente convidativo na hora
de você colocar na balança os pontos positivos e negativos de rootear o
seu aparelho móvel.
Contudo, um grande ponto desfavorável surge com força nessas
ocasiões: a possibilidade de você perder totalmente a garantia do seu
aparelho. Apesar de a maioria dos manuais não contar com essa informação
de forma explícita, o fato é que o acesso privilegiado permite aos
usuários interferir drasticamente no Android – o que tira a
“originalidade” do gadget.
Isso, entretanto, sempre foi contornado pela maioria das pessoas,
afinal de contas, realizar o unroot é uma tarefa relativamente simples e
que deixa o aparelho sem qualquer rastro de alteração. O problema é que
isso também pode estar com os dias contados.
LG G2 e o seu root diferenciado
O LG G2 é um dos últimos lançamentos da companhia sul-coreana. O
gadget é poderoso, conta com tela Full HD, 2 GB de memória RAM e o
novíssimo processador Snapdragon 800. Além de tudo isso, quem comprou o
aparelho pela operadora Verizon, dos Estados Unidos, ganhou também uma
grande surpresa.
LG G2 da Verizon conta com particularidade "contra" root (Fonte da imagem: Reprodução/Android Police)
Isso porque o aparelho vendido pela companhia carrega em seu sistema
operacional um identificador de root. Assim, em uma tela de status do
aparelho, ele informa ao dono do gadget (e a todos os interessados!) se o
smartphone se encontra ou não desbloqueado.
Segundo alguns sites especializados da América do Norte, essa ação da
operadora visa coibir as pessoas de realizar root, danificar o gadget
de alguma forma e, em seguida, tentar trocar o celular ou consertá-lo
utilizando a garantia. Dessa forma, a autorizada que pega o gadget para a
troca ou reparação facilmente pode ver se o sistema foi modificado.
Samsung e o seu KNOX
Uma das grandes novidades trazidas nos novos aparelhos da Samsung é o
KNOX, um pacote que traz diversas ferramentas de segurança para os
gadgets da marca. O que muita gente ainda não sabe é que ele também traz
uma nova opção que visa impedir as pessoas de realizar o root nos
portáteis.
Novo pacote de ferramentas KNOX (Fonte da imagem: Reprodução/Samsung)
Uma das novidades, segundo alguns fóruns especializados, é o fato de
que o KNOX conta com uma trava de bootloader mais complicada de ser
superada pelos hackers que desenvolvem as ferramentas para se rootear os
aparelhos.
Além disso, diversas características novas também estão presentes. Há
quem diga que após a atualização do sistema para uma versão do Android
já com KNOX você não conseguirá “voltar atrás”, ou seja, não é possível
instalar uma versão mais antiga do SO – o popular downgrade.
Uma chave que detecta se o aparelho foi rooteado também foi incluída.
Graças a um recurso chamado eFUSE, a partir de agora, o Android traz um
código que é composto por dois números: 0 e 1. Com ele, se o gadget
encontra-se com o rótulo “0x0” ou simplesmente “0”, significa que o seu
sistema operacional está “intacto”.
S4 atualizado e nenhum problema (Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)
Contudo, se chave estiver alterada para “0x1” ou “1”, isso quer dizer
que mudanças no Android foram identificadas pelo KNOX, ou seja, o seu
root foi flagrado pelo novo sistema de segurança desenvolvido pela
Samsung.
Há relatos de que até mesmo a
atualização dos aparelhos para versões oficiais da própria fabricante
sul-coreana podem acabar alterando essa entrada. Forçar essa
modernização de um gadget, por exemplo, pode ocasionar a perda da
garantia.
Isso, no entanto, ainda não pode ser confirmado, afinal de contas, em
nossos testes, quando atualizamos o Galaxy S4 para o Android 4.3, essa
chave não foi alterada – uma boa notícia para quem quer fazer tal
procedimento.
Versões específicas
Ao que parece, uma das ideias da Samsung parece ser criar uma espécie
de separação entre os usuários considerados “normais” e aqueles que
querem mexer no aparelho, rootear o gadget e instalar sistemas
operacionais diferenciados.
Note 3 em versão exclusiva para quem quer "brincar" com o sistema (Fonte da imagem:
Divulgação/Samsung)
Isso porque algumas notícias citam uma versão diferenciada do novo Galaxy Note 3 a ser lançada: o
Galaxy Note 3 Developer Edition.
A ideia seria oferecer esse aparelho já com o bootloader destravado, ou
seja, praticamente pronto para fazer a alegria da galera. Os termos de
garantia de um aparelho desses, no entanto, ainda não foram revelados.
Outro ponto que vem chamando a atenção das pessoas é uma suposta
separação geográfica na hora de se utilizar o smartphone. Segundo alguns
rumores, a Samsung poderia adotar um tipo de regionalização nos
aparelhos. Assim, se você colocasse um chip de uma operadora do Brasil,
por exemplo, o mesmo smartphone não poderia ser utilizado na Europa com
alguma outra companhia.
Contornando as dificuldades
Apesar do esforço das companhias em frear a utilização praticamente
livre dos recursos de root, o fato é que os hackers e desenvolvedores
independentes não dormem no ponto. Diversas listas de discussão e
ferramentas estão sendo criadas com o intuito de vencer mais esse
“desafio”.
Basta vasculhar os fóruns especializados, como o XDA-Developers, por
exemplo, para já encontrar algumas formas de você vencer o KNOX ou
contornar as ameaças do LG G2 da Verizon, por exemplo.
Segundo
alguns desenvolvedores, o fato de essas “chaves de segurança” estarem
embutidas no software faz com que tudo isso possa sempre ser contornado –
basta que alguém consiga criar kernels diferenciados para isso.
Eles, porém, também não negam que novos artifícios desse tipo acabam
dificultando bastante esse tipo de trabalho – além de serem uma
“armadilha” e tanto para usuários novos e que não têm conhecimento desse
tipo de risco. A verdade é que, mais do que nunca, você precisa pôr na
balança quais são, de fato, os prós e contras de se rootear o aparelho.